O papel das agências de marketing vem mudando a cada novidade do mercado. Junto com as adaptações e novas tendências que surgem, as demandas reforçam que
transformação digital e planejamento estratégico continuam sendo fundamentais para entregas de sucesso. Ao mesmo tempo, os cenários atuais mostram que a demanda por ações de marketing vai continuar latente, dando espaço para profissionais e empresas que atuam na área.
Conversamos com Débora Brauhardt, co-fundadora e head de Marketing na B.done, empresa especializada em conectar marcas com agências e veículos de mídia para transformar experiências de mercado e otimizar resultados de marketing.
Débora nos falou sobre a necessidade de conexão entre as empresas e as agências e sobre como as dores dos gestores podem ser supridas com estratégia. Além disso, contou sobre o processo de criação da B.done e a importância da parceria para a criação de sucesso no mercado.
Dicas de ouro para quem quer crescer como negócio e como agência. Aproveite o conteúdo e, se quiser conhecer um pouco mais sobre a B.done, acesse bdone.com.br!
Duda: A B.done surgiu a partir da necessidade de conexão entre empresas, agências e veículos de mídia. Qual o papel dessa interação no desenvolvimento dos negócios e na evolução do segmento no Brasil e no mundo?
Débora: Pra mim, trabalhar com marketing é quase como trabalhar com comida: não importa o que aconteça no mundo e como as coisas mudem: a gente vai precisar continuar comendo e vendendo. Então há sempre espaço para os dois! Haha
Mas no marketing, a principal diferença é que o comportamento do consumidor vem mudando - e muito - desde sempre. A própria pandemia é um grande exemplo desse movimento: muitos negócios estão realmente passando por profundas crises, negócios estão fechando as portas diariamente. Do outro lado, novos segmentos estão explodindo. Um exemplo: quase não vamos mais a restaurantes, mas a entrega de comida por delivery cresceu mais que 200%! É tudo uma questão de perspetiva.
Costumamos dizer aqui na B.done a solução para todos esses problemas que estamos enfrentando é infinita e abundante: a criatividade.
Nesse sentido, o papel dessa interação não apenas é perene como é exponencial:
encontrar parceiros criativos para acompanhar a evolução de comportamentos, interação e construção de relacionamentos é algo fundamental para as marcas que querem atravessar as próximas décadas firmes e fortes.
Duda: Com a experiência da empresa, é possível identificar as principais diferenças de negócio e objetivos entre as agências brasileiras e o mesmo segmento em outros países? Como isso impacta na geração de negócios por aqui?
Débora:
Posso falar por experiências que tivemos com agências no Brasil, LatAm e Portugal que, no geral, vejo mais similaridades do que diferenças. Ainda é um segmento onde, mais comumente, os sócios vêm de um background mais criativo e menos business. Óbvio que isso é uma generalização, e toda regra tem exceção. Mas quando isso acontece, leva um tempo para os sócios se verem e se sentirem confortáveis como empreendedores, que precisam pensar muito mais em estratégia, contabilidade e negócios que em marketing e a nova atualização do algoritmo do Google. Só que muitas vezes esse processo leva tempo, e eles só percebem quando notam o quanto de dinheiro é gasto em retrabalho, quando o CAC não é coberto pelo LTV do cliente, quando a rotatividade de clientes começa a aumentar.
Existe outro processo muito comum que vejo também que é a busca por "ferramentas milagrosas" que vão automatizar tudo para os clientes e que não vai precisar de inteligência envolvida para otimizar os processos.
Para mim, cada vez mais as agências precisam perceber que elas têm o potencial para tornarem-se parceiros de negócios do seus clientes, trazendo no final do dia informações, insights e resultados que reflitam nos OKRs das marcas.
Duda: Existe alguma dor dos gestores de agências digitais que ainda não pode ser suprida pela oferta de produtos e serviços disponíveis no país hoje? Como elas podem buscar soluções ou criar diferenciais a partir deles?
Débora:
Trabalhar com marketing exige um olhar atento e crítico para tudo o que há de novo no mercado. Difícil dizer que falta alguma oferta, mas certamente o que há disponível pode ser melhorado.
Para aumentar a eficiência, onboarding de clientes e setups, certamente as agências precisam contar com um "tech stack", bem como um metodologia mínima para atender seus clientes. Isso ajuda diminuir curva de aprendizado, você pode gerar valor mais rapidamente e causar o que chamamos de "momento WoW" para o cliente: aquele valor inesperado ainda no comecinho do projeto. Mas isso não pode ser escrito em pedra, e nem ser tomado como verdade que funcionará para sempre na geração de resultados.
No fim do dia seu cliente quer X% de aumento no faturamento, e não saber se sua ferramenta de automação é essa ou aquela. Mas você, enquanto agência, precisa conhecer a fundo cada uma das ferramentas e quais delas te ajuda a chegar nesse resultado. Por isso, é imprescindível manter-se atento às novidades do mercado, para conseguir filtrar e extrair aquelas que vão facilitar o seu trabalho e te ajudar a ganhar tempo, autonomia e dinheiro!
Duda: Como vocês veem o papel da tecnologia no planejamento e na execução de ações de marketing atualmente? Ela é mais relevante em empresas de maior porte ou impacta o mundo dos negócios de forma ampla?
Imprescindível.
A tecnologia certamente soma aos negócios, e a transformação digital não é uma promessa de algo que um dia vai chegar. Ela bate na porta todos os dias, e já nem pede mais licença pra entrar.
Para mim ela impacta o mundo dos negócios de forma ampla sem dúvidas. Talvez, o que aconteça é que empresas menores exijam uma complexidade menor para lidar com dados e criar suas estruturas de negócio. Mas nem por isso são menos importantes.
Duda: A transformação digital veio para ficar no novo contexto pós-pandemia. Qual o impacto dela para empresas que atuam com presença digital e marketing online?
Débora: Para mim o impacto é claro: quem não acompanhar as mudanças, já está em desvantagem do ponto de vista da competitividade de mercado. Estamos num mundo muito mais dinâmico, conectado e
real time. A nossa necessidade é instantânea, o que concordo que tenha vários impactos negativos em relação à saúde mental, ansiedade, dificuldade de atenção, etc. Mas isso é tema pra outra entrevista, e a gente gostando ou não dessa velocidade, precisa lidar com os fatos. Se alguém busca um termo no Google e sua empresa não aparece, você está ficando pra trás. Se você quer um sushi às 22h e o restaurante da esquina não tá no iFood, você vai pedir daquele outro que está no bairro vizinho e se antecipou.
Acho muito difícil os negócios sobreviverem sem olharem para sua presença digital.
Duda: Qual o principal desafio de mercado que vocês identificaram ao criar a B.done?
Débora:
Quando a B.done nasceu, a Cáh Morandi, que foi a idealizadora da empresa, estava com alguns projetos para estruturar as jornadas de receitas nas empresas, através do marketing e vendas. Nesse processo, ela convidou a mim e a Ju para apoiá-la em alguns desses projetos. Mas a ideia foi evoluindo, e vimos que
estávamos ainda num caminho muito complexo e 100% voltado a serviços, o que logo ali na frente seria um desafio para escalar os negócios. Quando sentamos para conversar sobre identificamos alguns pontos:
- O nosso background profissional era muito conectado com as agências de marketing;
- Nesse processo, sempre vimos as agências e os veículos de mídia com um grande gap na geração de negócios recorrentes, e sempre dependiam muito de indicação;
- Do outro lado, por ter a experiência com agências, acompanhamos de perto o movimento de marcas para buscar parceiros criativos, e as suas frustrações por não encontrarem os melhores parceiros, muitas vezes por não dominarem as necessidades que tinham e contratavam aquele com o melhor pitch.
Entendido isso e entendendo que criar relações entre as pessoas era algo que estava no nosso DNA, pensamos: "Bom,
as agências e veículos de mídia precisam prospectar clientes de maneira recorrente e as marcas precisam encontrar os melhores parceiros criativos para ajudá-las a acompanharem as mudanças de mercado. Nós conhecemos de perto as dores desses dois públicos, e também entendemos de marketing e vendas. Por que não conectá-los de maneira mais eficiente?"
E foi assim que entendemos que tínhamos uma boa oportunidade em mãos.
Duda: Existe um momento ideal para reavaliar estratégias e repensar planejamentos com foco em resultados, pensando no contexto de agências?
Débora:
Na minha opinião, estratégia precisa ser avaliada constante e consistentemente. Planejamento anual sem dúvida é requerido, mas ele também precisa ser quebrado em milestones para cada mês, bimestre ou quarter. Imagine que você quer fazer uma viagem pela América Latina de carro, e você tem 60 dias. Você precisa calcular quantos km vai andar por dia, qual o seu budget diário pra viagem, em que cidades vai se hospedar, onde vai ficar mais tempo, os pontos turísticos que quer visitar. É possível fazer a viagem sem nenhum planejamento? Óbvio que sim. Mas as chances de grandes problemas também são maiores, como, por exemplo, acabar o dinheiro no meio da viagem ou não conseguir finalizá-la dentro do prazo. Nas agências (e qualquer empresa) é a mesma coisa.
Sem entender se estamos nos nosso "track" de faturamento, produtividade, número de clientes, e outros objetivos estratégicos importantes, raramente vamos saber onde podemos melhorar, otimizar e o risco de algo grande dar errado é maior.